Copyright © 2010 R. Harmsen e Cristina Vasconcelos. Isto é a versão corrigida. Versão original com erros. História do artigo.
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A 20 de abril de 2010 ocorreu no Golfo do México um acidente em que explodiu a plataforma de petróleo «Deepwater Horizon». Dois dias depois a plataforma afundou-se.
Desde então o petróleo está a fluir dum poço no subsolo marinho. Esse derrame de petróleo, que na altura em que escrevi esse artigo ainda não estava sob controlo, causa uma poluição considerável ao meio ambiente e ameaça o habitat de centenas de espécies de aves.
No lugar onde aconteceu o acidente a profundidade da água é de 1500 metros.
A pressão da água aumenta com a profundidade: a cada 10 metros que descemos na água, a pressão cresce no valor de um bar (equivalente a 1.000 hPa, ou aproximadamente uma atmosfera). É fácil compreender porque é assim: as camadas mais altas de água pesam sobre a camada que se encontra no fundo do mar.
A densidade (também chamada massa volúmica, massa volumétrica ou massa específica) do ar é de cerca de 1,2 kg/m3 (embora dependa da temperatura e da pressão). A densidade da água é de 1.000 kg/m3. Portanto, assumindo a situação hipotética de que a densidade do ar ficasse constante em toda a atmosfera, uma coluna de água de 10 metros teria o mesmo peso que uma coluna de ar de (1000 / 1,2) x 10 m = 8.300 m.
É quase a altura do Monte Everest nos Himalaias! Isto é um dos factores que torna difícil a escalada daquele pico: ali quase não há ar para respirar!
Como na realidade o ar não tem sempre a mesma densidade, mas progressivamente torna-se menos denso, ao subirmos, ainda há ar no Everest, embora seja pouco, e também para um avião que voa a uma altitude entre 9 e 11 quilómetros, ainda há oxigénio para deixar funcionar as turbinas a jacto.
Como já disse, no lugar onde aconteceu o acidente, a água tem a profundidade de 1500 metros. Portanto a pressão no fundo do mar onde o poço ou tubo derrama o petróleo, deve ser de 150 bar, o que humanamente falando é enorme. Embora na técnica tais pressões não sejam insólitas. Exemplo: a pulverização de tinta com pressões até 500 bar.
Como é que o petróleo pode vencer essa enorme pressão de 15 MPa? Será que o petróleo por si só, tem a força suficiente para subir? Talvez tenha. Mas não precisa de ter. Porque se o fundo do mar tem uma certa flexibilidade, a pressão da água pode ser transmitida ao petróleo que se encontra por baixo.
Além disso, o petróleo é mais leve do que a água. Portanto mesmo que o petróleo não tenha pressão, se houver um buraco perfurado pela torre petrolífera, a pressão da água pode fazer com que a água penetre no furo e expulse o petróleo.
Portanto não pode causar-nos surpresa que o petróleo derrame do furo e suba através da água até à superfície.
Mas o petróleo e o gás natural não são as únicas substâncias que emanam da terra: também há a pedra fundida, a lava.
As Ilhas dos Açores e a Ilha da Madeira são de origem vulcânica. Houve tempos em que naquele lugar só havia mar e ainda não existiam ilhas (ou não existiam todas as ilhas). A lava formou as ilhas.
O oceano perto das ilhas é bastante profundo, com profundidades de mil metros ou mais. A este da Graciosa, entre a Terceira e a Graciosa, o mar tem mesmo a profundidade de quase 2.500 metros.
Portanto a lava, embora seja mais pesada do que a água, deve ter tido a força suficiente para vencer a pressão da água e o seu próprio peso, e então conseguiu subir através da água e atingir a superfície. No caso da Ilha do Pico, a lava subiu até 2.351 metros acima do nível do mar.
Aquela montanha tem o pico mais alto de todo o Portugal, 358 metros mais alto do que a montanha mais alta de Portugal continental, a Torre na Serra da Estrela.
A lava só pode ficar fluida se estiver bastante quente. São precisas temperaturas entre 700 e 1200 graus centígrados para não se solidificar. Portanto para formar ilhas a lava não só tinha de ter bastante força para subir, mas também bastante calor para ficar fluida durante toda a viagem através da água.
Normalmente parte da lava funde-se, formando uma chaminé que permite a subida da restante lava, isolando-a do efeito refrescante da água do mar.
Mas também considerando isto, a lava que vem do interior da terra deve ter tido uma energia enorme, uma vez que conseguiu formar a Ilha do Pico e a sua montanha com o mesmo nome.
Isto considero uma maravilha da natureza.
Alguns cientistas pensam (fonte) que as Ilhas dos Açores se formaram num período que se situa entre os 4,8 milhões de anos (Santa Maria) e os 250.000 anos (Pico). Muito mais recentemente, em 1957 e 1958, a mesma coisa aconteceu em escala mais pequena, mas seguindo o mesmo princípio: na Ilha do Faial, ilha vizinha da Ilha do Pico, o Vulcão dos Capelinhos formou uma nova ilha (que mais tarde se uniu à existente) com quase 90 metros de altura.
Aqueles acontecimentos de 1957–1958 foram gravados num filme a preto e branco. Esse filme foi usado numa série de programas de televisão da RTP. (Veja a lista de episódios.)
Fonte dessa informação: O Wikipédia em inglês conta-nos:
“The islands of the archipelago were formed through volcanic and seismic activity during the late Tertiary geological period; the first embryonic surfaces started to appear in the waters of Santa Maria during the Miocene epoch (between 4.8 million years ago). The sequence of the island formation has been generally characterized as: Santa Maria (4.8 Ma), São Miguel (3.1 Ma), Flores (2.1 Ma) Terceira (0.9 Ma), Graciosa (0.62 Ma), São Jorge (0.45 Ma), Faial (0.4 Ma), Corvo (0.3 Ma) and the youngest, Pico (0.25 Ma). 17 ”
O autor do artigo Wikipédia obteve esta informação num livro intitulado
«Geodinâmica e perigosidade natural nas ilhas dos Açores»,
publicado em 2005, escrito por António de Brum Ferreira.
(A propósito: o nome «de Brum» tem origem flamenga ou neerlandesa:
Wilhelm van der Bruyn.)
As Ilhas Desconhecidas, RTP, série de Vicente Jorge Silva, inspirada livremente no grande clássico de Raul Brandão.
Há quatro episódios:
17 de Abril de 2009,
sobre Corvo, Flores e Graciosa,
24 de Abril de 2009,
sobre Faial, Pico e Madeira,
1 de Maio de 2009,
sobre São Jorge, Terceira e São Miguel,
8 de Maio de 2009,
sobre Santa Maria e Porto Santo.
30 de Maio de 2010: Hiperligação:
Mount St. Helens,
18 de Maio de 1980.
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