Copyright © 2010 R. Harmsen. Versão original do autor, com erros. História do artigo. Versão corrigida.
22–
No 20 de abril de 2010 ocorreu no Golfo do México um acidente em que explodiu a plataforma de petróleo «Deepwater Horizon». Dois dias depois a plataforma afundou-se.
Desde então petróleo está a fluir dum poço no subsolo marinho. Esse derrame de petróleo, que na altura de escrever desse artigo ainda não é sob controlo, causa uma poluição considerável do meio ambiente e ameaça o habitat de centos de espécies de aves.
No lugar onde aconteceu o acidente a água é com 1500 metros de profundidade.
A pressão da água aumenta com a profundidade: com cada 10 metros que descemos na água, a pressão cresce com um bar (equivalente a 1.000 hPa, ou aproximativamente uma atmosfera). É fácil de compreender porque é assim: o peso das camadas mais altas de água pesa sobre a camada que se encontra no fundo do mar.
A densidade (também chamada massa volúmica ou massa volumétrica ou massa específica) do ar é de cerca de 1,2 kg/m3 (embora dependa da temperatura e da pressão). A densidade de água é de 1.000 kg/m3. Portanto, assumindo a situação hipotética que a densidade do ar ficasse constante em toda a atmosfera, uma coluna de água de 10 metros tivesse o mesmo peso como uma coluna de ar de (1000 / 1,2) x 10 m = 8.300 m.
É quase a altura do Monte Everest no Himalaia! Isto é um dos factores que torna difícil a escala daquele pico: ali quase não há ar para respirar!
Porque na realidade o ar não tem sempre a mesma densidade, mas progressivamente torna-se menos denso, ao subirmos, ainda há ar no Everest, embora seja pouco, e também para um avião que voa numa altura entre 9 e 11 quilómetros, ainda há oxigénio para deixar funcionar as turbinas a jacto.
Como já disse, no lugar onde aconteceu o acidente, a água é com 1500 metros de profundidade. Portanto a pressão no fundo do mar onde o poço ou tubo derrama o petróleo, deve ser de 150 bar, o que humanamente falando é enorme. Embora na técnica tal pressões não sejam insólitas. Exemplo: a pulverização de tinta com pressões até 500 bar.
Como é que o petróleo pode derrotar essa enorme pressão de 15 MPa? Será que o petróleo tem pressão mais alto ele mesmo? Talvez tenha. Mas não precisa ter. Porque se o fundo do mar tem uma certa flexibilidade, a pressão da água pode ser transmitida no petróleo que se encontra por baixo.
Além disso, o petróleo é mais ligeiro do que a água. Portanto mesmo se o petróleo não tenha pressão por si mesmo, se há um buraco perfurado pelo torre petrolífera, a pressão da água pode causar que a água penetra no furo e expulsa o petróleo.
Portanto não pode causar-nos surpresa que o petróleo derrama do furo e sobe através da água à superfície.
Mas o petróleo e o gás natural não são as únicas substâncias que emanam da terra: também há a pedra fundida, a lava.
As Ilhas dos Açores e a Ilha da Madeira são da origem vulcânica. Eram tempos em que naquele lugar só havia mar e ainda não existiam as ilhas (ou ainda nem todas as ilhas). A lava formou as ilhas.
O oceano perto das ilhas é bastante profundo, com profundidades de mil metros ou mais. A este de Graciosa, entre Terceira e Graciosa, mesmo são quase 2.500 metros.
Portanto a lava, embora seja mais pesado do que água, deve ter tido a força por derrotar a pressão da água e o seu próprio peso, e então conseguiu subir através da água, e mesmo alto sobre a água. No caso da Ilha do Pico, o lava subiu até 2.350 metros sobre o nível do mar.
Aquela montanha é o monte mais alto de todo Portugal, 358 metros mais alto do que a montanha mais alto do Portugal continental, o Torre na Serra de Estrela.
A lava só pode ficar fluido se seja bastante quente, são preciso temperaturas entre 700 e 1200 graus centígrado por não coagular / solidificar-se. Portanto por formar ilhas a lava não só tinha bastante força para subir, mas também bastante calor para ficar fluido durante toda a viagem através da água.
Naturalmente parte da lava fundiu-se, formando um chaminé que deixou subir a restante lava, isolando-a do efeito refrescante da água do mar.
Mas também considerando isto, a lava que vem do interior da terra deve ter tido uma energia imensa, vendo que conseguiu formar a Ilha do Pico e a sua montanha do mesmo nome.
Isto considero uma maravilha da natureza.
Cientistas pensam (fonte) que as Ilhas dos Açores foram formado entre há 4,8 milhões de anos (Santa Maria) e há 250.000 anos (Pico). Muito mais recentemente, em 1957 e 1958, a mesma coisa aconteceu em escala mais pequena, mas seguindo o mesmo princípio: na Ilha do Faial, ilha vizinha da Ilha do Pico, o Vulcão de Capelinhos formou nova ilha (que mais tarde uniu-se à existente) de quase 90 metros de altura.
Existem tomadas de vista (em preto e branco) daqueles acontecimentos de 1957-1958, que foram usados numa série de programas de televisão da RTP. (Veja a lista de episódios.)
Fonte dessa informação: O Wikipédia em inglês conta-nos:
“The islands of the archipelago were formed through volcanic and seismic activity during the late Tertiary geological period; the first embryonic surfaces started to appear in the waters of Santa Maria during the Miocene epoch (between 4.8 million years ago). The sequence of the island formation has been generally characterized as: Santa Maria (4.8 Ma), São Miguel (3.1 Ma), Flores (2.1 Ma) Terceira (0.9 Ma), Graciosa (0.62 Ma), São Jorge (0.45 Ma), Faial (0.4 Ma), Corvo (0.3 Ma) and the youngest, Pico (0.25 Ma). 9 ”
O autor do artigo Wikipédia obteve esse informação de um livro entitulado
«Geodinâmica e perigosidade natural nas ilhas dos Açores»,
publicado em 2005, escrito por de António de Brum Ferreira.
(A propósito: o nome «de Brum» tem origem flamenga ou neerlandesa:
Wilhelm van der Bruyn.)
As Ilhas Desconhecidas, RTP, série de Vicente Jorge Silva, inspirada livremente no grande clássico de Raul Brandão.
Há quatro episódios:
17 de Abril de 2009,
sobre Corvo, Flores e Graciosa,
24 de Abril de 2009,
sobre São Jorge, Terceira e São Miguel,
1 de Maio de 2009,
sobre Faial, Pico e Madeira,
8 de Maio de 2009,
sobre Santa Maria e Porto Santo.
Copyright © 2010 R. Harmsen. Versão original do autor, com erros. História do artigo. Versão corrigida.