Os seus olhos em fogo
Ateiam-me em chamas
Acorrentado arrasta-me
Pelas calçadas e escadas da Alfama
E lança-me à Praça do Comércio
Como uma oferta ao altar do Tejo.
O seu sopro afaga e segreda:
Era isto que tanto querias, não era?
Vem descer os largos degraus ao rio
Entrega o teu corpo à corrente vagarosa
Flutua nas cordas finas das guitarras
Lentamente sobre as águas do Tejo.
Planando em visões
Sobre as colinas de Lisboa
Passando igrejas, mosteiros e palácios
Bairro Alto, Cidade Baixa e Belém
Saudade e graça
Canta a sua voz:
Quando acordares, meu amor,
Dos sonhos da doce ansiedade
Que te rasgam o coração
E te lembrares de mim
Depois de tantos anos
Verás a minha imagem ainda pura
Cumpriu-se o meu triste destino
A saudade em segredo revelada:
Só para aqueles
Que sem mim desesperam
Escuta-me, meu amante,
Canto para ti até adormeceres.
Sobre as gravações MP3s e WAV: Designei por "RH" as que leu o tradutor
(com sotaque africano, disse-me
Luís Eusébio,
mas eu não acho (:-)),
e por "LE" as que leu Luís Eusébio.